quinta-feira, 1 de maio de 2008

História dos Jogos Paraolímpicos

O desporto tem comprovado importância na qualidade de vida de qualquer pessoa e, sem dúvida, é muito mais importante ainda para as pessoas com deficiência. Ao fazermos essa afirmação estamos-nos a basear não apenas no que a actividade desportiva pode contribuir para o desenvolvimento físico de todas as pessoas, mas principalmente na sua possibilidade como poderosa ferramenta de ajuda na reabilitação e inclusão das pessoas com deficiências junto à sociedade. Assim, o desporto é propício à sua independência.

O desporto para pessoas com deficiência existe há mais de 100 anos. Nos séculos XVIII e XIX a contribuição das actividades desportivas foi maior no sentido da reeducação e da reabilitação das pessoas com deficiência.

As primeiras notícias da existência de clubes desportivos para pessoas surdas datam de 1888, em Berlim, Alemanha. Em Agosto de 1924 foram realizados, em Paris, os Jogos do Silêncio, com a participação de 145 atletas de nove países europeus. Essa foi a primeira competição internacional para pessoas com deficiência. Durante o evento, no dia 24 de agosto, foi fundado o Comitê International des Sports Silencieux – CISS.

Em 1944, ainda durante a 2ª Guerra Mundial, o governo britânico contratou, entre outros, o neurocirurgião alemão, Dr. Ludwig Guttmann, para começar um trabalho de reabilitação para lesionados medulares dando origem ao Centro Nacional de Lesionados Medulares de Stoke Mandeville na Inglaterra. Dr. Guttmann, também uma vítima da guerra que, como judeu, foi obrigado a fugir da Alemanha nazista, marcou seu trabalho de reabilitação médica e social direcionados aos veteranos de guerra, pelo uso da prática desportiva como parte do tratamento médico.

O sucesso do trabalho motivou o Dr. Guttmann a organizar a primeira competição para atletas em cadeiras de rodas e no dia 29 de julho de 1948 – exatamente a data da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, aconteceu a competição denominada Stoke Mandeville Games. Em 1952, ex-soldados holandeses uniram se para participar dos jogos de Stoke Mandeville, e juntamente com os ingleses, fundaram a ISMGF – Federação Internacional dos Jogos de Stoke Mandeville, dando início ao movimento desportivo internacional que viria a ser base para a criação do que hoje conhecemos como desporto paraolímpico.

Oito anos depois, em 1960, incentivados pelo Dr. Antonio Maglio, director do Centro de Lesionados Medulares de Ostia na Itália, o comité organizador dos jogos de Stoke Mandeville aceitou o desafio e realizou os jogos em Roma logo após a realização dos Jogos Olímpicos. Usando os mesmos espaços desportivos e o mesmo formato das olimpíadas, 400 atletas de 23 paises participaram da primeira Paraolimpíada. A partir de Roma em 1960 e sempre a cada quatro anos, os jogos vêm sendo realizados de forma cada vez mais organizada e sempre com um número crescente de países participantes. Até os jogos de 1972 em Heildelberg, Alemanha, apenas atletas em cadeiras de rodas participavam oficialmente dos jogos. Em 1976, nas Paraolímpiadas de Toronto, Canadá, houve a inclusão dos atletas cegos e amputados e, a partir de 1980, em Arnhem, na Holanda, a inclusão dos paralisados cerebrais.

A décima segunda edição dos jogos aconteceu em Atenas, na Grécia, berço do movimento olímpico e Pequim, na China, está-se a preparar para receber a décima terceira edição dos jogos em 2008. Um dado importante e que demonstra a força do movimento e o seu crescimento contínuo foi o número de países e atletas presentes em Atenas: 3.806 atletas representando 136 países, número maior do que os de Munique nos Jogos Olímpicos de 1972.


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